Haja respeito pelos Bombeiros

 Parece que o tempo ficou parado no tempo.  Em 2018 escrevia em editorial do Inforpaulense este texto que agora se mudarmos os nomes dos locais onde ocorreram os incêndios fica tão atual como na época.

Com o mediatismo que os grandes fogos ganham, há televisões que esmiúçam “até à medula” a desgraça alheia, porque infelizmente rende audiências. Depois na circunstância aparece sempre quem venha opinar criticando homens e mulheres que um dia tiveram a coragem que falta a muitos e alistaram-se como voluntários nas corporações de bombeiros deste país. Por isso não podemos deixar de expressar aquilo que nos afigura ser mais sensato nestes tempos conturbados por causa dos incêndios florestais que assolam o pais em particular o da Serra da Estrela. Alegadamente terá havido negligência? Falta de comando? Interesses instalados? Falta de resposta quer na prevenção, quer no combate? As condições climatéricas e a natureza levaram à melhor nesta luta desigual com o homem? São tudo questões para as quais não temos resposta e que deixamos para quem de direito responder, contudo temos uma certeza, nos últimos dias, Portugal tem assistido ao inferno dos incêndios florestais: Serra da Estrela, Ourem, Vila Real só para citar alguns. Homens e mulheres têm combatido sem tréguas estes incêndios florestais, que reduziram a cinzas uma enorme área ardida, pese embora, os bombeiros portugueses com a sua força, coragem e resiliência terem desenvolvido um esforço sobre humano para minimizar este efeito devastador das chamas que galgaram vales e montes, cercaram populações.  Milhares de bombeiros para ali foram destacados a maioria são voluntários, que quase não dormem nem descansam, arriscam com coragem desmedida a própria a vida no combate a incêndios, muitas vezes em teatro de operações bem longe da sua área de residência, da sua casa, onde deixam famílias preocupadas com a intervenção destes bombeiros contra um inimigo traiçoeiro e imprevisível que é o fogo.

Citando um bombeiro local ”se sentissem por um só dia o calor, a sede, a dificuldade em respirar, o cansaço que sentimos no combate às chamas...não haveria boca que se abrisse para criticar os bombeiros”, ou um desabafo de outro que vem a propósito é assim como que um murro no estômago quando o lemos, “na verdade, para vocês, sempre serei apenas mais um… Mais um Bombeiro para se culpar quando algo falha, mais um Bombeiro para o qual vão apontar o dedo, mais um Bombeiro que não vos interessa... Mas as vossas palavras... Essas doem…

Na verdade, de cabeça quente todos procuramos apontar o dedo a alguém…

Apenas vos peço a todos os que nos quiserem apontar o dedo, por favor, olhem pelo que já passamos. Não somos coitadinhos, pois se fazemos isto com gosto ao voluntariado e com o lema de vida por vida, é porque sabíamos ao que estávamos sujeitos…

Eu, como Bombeiro, sinto que as vossas palavras são armas que estão a ser usadas contra os alvos errados…

Do fundo do meu coração vos peço, não apontem o dedo aqueles que estão a fazer de tudo para salvar as vossas vidas e as vossas casas… Não temos Super poderes, nem somos Super homens, somos apenas cidadãos comuns, que ao fim de horas ao combate voltam para as suas famílias com o sentimento de culpa de não ter conseguido ter feito mais”, escreveu um anónimo nas redes sociais.

Da nossa parte não precisamos de acrescentar muito mais. Apenas e só uma palavra de apreço e reconhecimento por todas as forças intervenientes no combate dos fogos florestais.  Haja respeito pelos bombeiros. E por todos os que estão nesta luta desigual entre natureza e o homem.


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