Ainda a Festa
A Festa da Nossa Senhora das Dores, durante
muitos anos parecia cristalizada no tempo, com um formato muito padronizado com
a procissão da noite e do dia, cortejo e pouco mais se não quisermos ter em linha de conta as
barraquinhas e os comes e bebes que se
instalavam no recinto e periferia onde decorria festa.
Depois
nos últimos anos, o formato começou a modificar-se. O recinto ficou livre de
vendas ambulantes, manteve-se a
componente religiosa sempre com uma grande participação dos peregrinos e
da comunidade paulense e uma aposta mais forte na componente pagã começou a
surgir, principalmente, com a animação ao sábado à noite e na segunda-feira no
Largo da Praça, onde a convivialidade
dos populares era emergente.
Com
a chegada da pandemia resultante da COVID-19, tudo parou e durante dois anos os
peregrinos e a comunidade paulense estiveram privados de festejar a Nossa
Senhora das Dores.
Este
ano com a pandemia já em vias de ser controlada, voltou o santuário mariano da
Nossa Senhora da Dores a ser animado pelos festejos em sua honra, ainda de
forma limitada e em tudo idêntica ao que acontecia em tempos não muito
distantes.
Ora,
se para alguns já foi bom o regresso dos festejos ainda que limitados, para
outros, acharam que se podia fazer mais e melhor. Nós também achamos que se pode fazer mais e melhor,
mas mais importante do que as palavras são as ações.
Quando nos atrevemos a comparar cartazes das
suas festas anuais de outras freguesias circunvizinhas com aquele que foi apresentado
na festa do Paul, ficamos claramente a perder, contudo, não podemos esquecer
uma premissa relevante.
Noutras
freguesias, são constituídas comissões que trabalham todo o ano com um propósito; criar as condições para
terem uma boa oferta aquando da realização da sua festa, enquanto, no Paul
parece haver dificuldade de mobilização para se constituir uma comissão que
produza outros resultados.
Chegados
aqui, importa fazer uma reflexão sobre aquilo que todos queremos ou não. Se estamos dispostos a ultrapassar
dificuldades e quiçá diferenças e juntamo-nos para em conjunto com o pároco da
freguesia constituirmos um grupo de trabalho para uma resposta diferenciada e
de qualidade superior para a “nossa” festa ou limitamo-nos a continuar a ser os
habituais críticos de “sofá ou de mesa de café”. Eis questão.
Pela
experiencia deste ano que vivenciamos um pouco de mais de perto, se valorizarmos
o que nos pode unir mais do que nos divide, se
alguns egos estiverem “ mais
abertos”, se olharmos o interesse geral e esquecer o particular, então estamos em crer que é possível mobilizar vontades e
empenhos para se preparar em 2023
uma Festa da Nossa Senhora das Dores de
outra dimensão ao nível do
entretenimento, continuando a respeitar e a incrementar a componente religiosa
que atrai todos anos centenas de devotos.